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Como as plantas transformam você: Jú Oliveira

Estar na companhia das plantas é transformação. A luz quentinha que entra pela janela ganha novos olhares, cada planta carrega memórias afetivas, os brotos nascem cheios de significados, as despedidas se tornam parte do ciclo.

Algumas histórias de quem vive essas experiências diárias estão no nosso Instagram. A da Jú Oliveira, do perfil @lar.verde.lar, é nossa matéria da semana.

Dividir a casa

Luz natural, boa circulação de ar… Os ambientes que nos fazem bem são os mesmos que fazem bem para elas, né?”. Quando a Juliana percebeu isso – essa sinergia entre nós e as plantas –, abriu-se o caminho para que ela inundasse o próprio lar de verde.

Por volta de 2017, ao se mudar com o marido para uma casa antiga, já fez a reforma pensando em abrir espaços para arejar mais, iluminar mais, abrigar mais vida. E aí ela mergulhou na pesquisa sobre plantas. A descoberta das feiras do Ceagesp foi como chegar a um fantástico novo mundo, cheio de espécies fascinantes, diversas, cada uma com sua personalidade. Como diz a Juliana, foi nesse momento que a coisa descambou. Era planta nova a todo momento, ocupando cada canto da casa. 

Começou como uma ideia mais decorativa. E logo a gente foi sentindo como o clima muda com as plantas. É impressionante o impacto delas, como o ambiente muda na presença delas”, conta Juliana. Às vezes ela fica na sala apenas admirando sua selva particular:  “não dá vontade de sair de casa. Tenho uma sensação muito boa. E as pessoas que vêm aqui em casa também falam isso, que a casa tem uma energia tão boa… Não tenho dúvida: é por causa das plantas, que inspiram a gente mesmo.

Construindo a relação

A Juliana, que hoje tem 39 anos e trabalha na área financeira de uma empresa, logo criou rituais de dedicação às centenas de plantas que cultiva. De manhã, ela faz um café e já vai observando as espécies: “paro, reparo, sinto a terra”; costuma regar já quando o sol ainda está nascendo. 

É uma rotina mais orgânica. Até tentei colocar regras pra mim mesma, com dias certos para adubação e rega, mas não funcionou. A verdade é que cuidar das plantas está totalmente incorporado no meu dia a dia.” Com naturalidade, ela verifica os sinais de cada uma, percebe se tem alguma folha amarelada, se tem uma praguinha, se está murcha. 

Discutindo a relação

Nem tudo são flores (ou folhas viçosas e verdinhas): plantas são vivas e podem morrer. “No começo me culpava muito quando morriam. Hoje já aceito melhor. Fico triste, mas sei que faz parte”. 

Quando uma planta dá sinais de fraqueza, a Juliana é persistente e tenta salvar a relação de todos os jeitos: pesquisa mais sobre a espécie, muda o vaso de lugar, faz o que está ao seu alcance. Se, ainda assim, a planta morre, aí ela sabe que era inevitável, é o ciclo da vida e da morte.

Mas uma vez, durante uma obra em casa, deixaram cair uma mangueira em cima de um Filodendro Pink e três folhas se quebraram. “Até saíram umas lágrimas dos meus olhos quando vi esse acidente.

A grande família

Juliana hoje vive com o marido e as incontáveis plantas – ela de fato não sabe quantas; o que sabe é que tem mais de 100 vasos em casa. As plantas são sua terapia, trazem calma, fazem com que ela, que se considera uma pessoa agitada, tenha menos pressa, mais paciência. “Aprendo com as plantas a respeitar mais o tempo do outro. Levo essa ideia para a vida e para as relações humanas”, diz ela.  

Além disso, as plantas a colocaram em contato com toda uma comunidade que troca experiências sobre espécies e técnicas. Ela é também fotógrafa e, ao colocar nas redes suas imagens e as informações que vem aprendendo ao longo desse tempo de dedicação, estabeleceu conversas enriquecedoras. Tudo por causa das plantas. 

Para a Juliana, hoje está bem claro: seja no nível íntimo, seja no social, plantas transformam a vida – sempre para o bem.

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