BLOG DA SELVVVA

Memórias afetivas

As plantas contam histórias de cada um de nós. Nos últimos dias, recebemos memórias afetivas cheias de carinho. Um presente que compartilhamos com você, que já descobriu ou está despertando para o bem que essa companhia faz.

Agradecemos a todos que dividiram com a gente cada pedacinho tão especial.

A CASA DOS JASMINS

A casa dos jasmins. É assim que Vilma chama o seu cantinho há 24 anos em São José de Mipibu, a 40 km de Natal, no Rio Grande do Norte. O carinho por essas flores perfumadas veio do desejo de trazer o cheiro da infância e as lembranças das pétalas delicadas do jasmim-dos-poetas e do sabugueiro da casa da avó, dona Lica.

Devagar, cada planta foi ganhando espaço. Jasmim-neve, jasmim-manga, jasmim-dos-poetas, jasmim-estrela, jasmim-do-cabo, manacá-de-cheiro e uma muito especial: jasmim-bugari, a mudinha que sua mãe ganhou de um vizinho e cuidou durante toda a vida. Desde 2008 essa planta cresce por lá, como as memórias sobre a dona Maria Áurea, que também moram nos pequenos cuidados ensinados à filha.

O humus de minhoca, o esterco do gado, as cascas de ovos e legumes para adubar, a poda de tempos em tempos. O jardim que começou tímido se transformou em uma selva. Virou terapia e refúgio para Vilma e sua outra paixão, os animais abandonados, e promete levar adiante os encantos de três gerações.

O DIA DAS PLANTAS

Aos 8 anos, Guilherme ganhava as bolinhas amarelas vindas da planta favorita da casa. Sua missão: cuidar para que as pequenas sementes secassem na beirada da janela e trouxessem um novo broto, que tinha prazo para receber o aconchego de um vaso.

A cada quinze dias, quando sua mãe tinha folga no trabalho, o quintal se transformava. Entre uma mudinha e outra, o verde abraçava o espaço, os parasitas perdiam a morada, e o jardim de lírio-da-paz, comigo-ninguém-pode e dinheiro-em-penca crescia.

Era o momento mais esperado. Hora de sujar as mãos na terra, de se divertir na risada inocente pelo medo que as minhocas causavam na sua mãe, de descobrir um mundo novo, onde o tempo era só deles.

Aquelas tardes continuam rendendo frutos. O curso de ciências biológicas, o trabalho com plantas e cada mudinha que hoje leva o colorido da infância para a selva que mora no seu quarto e na casa de dona Maria.

CRESCENDO JUNTOS

Quando os carrinhos de brinquedo eram seus companheiros, Thiago conheceu uma nova amizade. O convite despretensioso veio da avó. Aquelas mãos talentosas descobriram cedo, ao trabalhar na feira livre, que podiam fazer brotar da terra tudo o que era necessário.

Das folhas secas aos bichinhos que moravam no quintal, Delza mostrou a beleza da natureza a cada tarde. Um dia, chamou o neto e, apontando para o berço no canteiro, colocou em suas mãos os pequenos grãos, prontos para germinar: “Cuide da sua amiga, vocês vão crescer juntos”.

No seu sexto aniversário, ele viu aquele brotinho apontar. Enquanto as estações completavam seus ciclos, os dois espichavam. Ela ganhou raminhos, subiu as alturas e presenteou o quintal com seus botões. Ele descobriu a inspiração em cada vida, os encantos do curso de biologia.

Vinte anos depois, essa companheira verde continua exuberante no jardim, compartilhando a lição que dona Delza, aos 86, não se cansa de ensinar: estar na presença das plantas é pura generosidade. O alimento que vai no prato, o sustento da família, a saúde em cada erva medicinal, a sabedoria que passa de geração a geração.

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